quarta-feira, junho 03, 2009

Crónica de Coimbra


SOMOS CADA VEZ MAIS POBRES!

Num planeta que produz cada vez mais riquezas, os pobres são cada vez mais pobres, enquanto os ricos não param de enriquecer.
Os 25% dos indivíduos mais ricos do globo, viram a sua parcela de seu rendimento passar de 70% para 86%, enquanto que a parcela correspondente aos 25% mais pobres caía de 2,3% para 1,3%. segundo o Banco Mundial, o número de pessoas que vivem num despojamento absoluto terá sofrimento de mais de 100 milhões de indivíduos. A sociedade mundial encontra-se duas vezes mais desigual. Para além dessas desigualdades, a pobreza e a riqueza medem-se também pela densidade de infra-estruturas que cada país possui e pela qualidade da sua saúde e da sua educação. Não se esqueçam que a conversão do Ocidente, fundado, sobre a desregulação social, provocou, desde então, o surgimento de uma "nova pobreza", que atinge já milhões de indivíduos. Na União Europeia e nos Estados Unidos 20 a 30% dos habitantes vivem na pobreza, apesar da riqueza dos seus países. Por outro lado, o crescimento é cada vez mais desigual, não beneficiando praticamente senão os rendimentos já de si elevados. Em 1995, a remuneração média dos presidentes do conselho de administração das empresas americanas era em média cento e setenta e três vezes superior à dos seus assalariados.

O carácter desigual do crescimento não é predicado único dos países ricos. De facto, as desigualdades no seio de cada nação acentuaram-se por toda a parte. Enquanto pequenas ilhas, de extrema pobreza, surgem como outras tantas intrusões do Sul no Norte, a existência de reduzidas minorias detentoras de grandes fortunas nos países do Sul torna ainda mais escandalosa a miséria da maioria.
Seja qual for o lado para que nos viremos, a constatação é por conseguinte a mesma. À exclusão dos países mais pobres da nova esfera da prosperidade internacional, que se desenha sob a égide de uma economia mundial desregrada, responde a exclusão, no seio de cada nação, de largas camadas da população, sobre-exploradas ou economicamente marginalizadas, entre as quais as mulheres são maioritárias. O surgimento de uma pobreza em grande escala no Norte não deverá no entanto ocultar o facto de a fractura social mais grave a que separa o Norte próspero das regiões do Sul. É nelas que se encontram os condenados da Terra. Os desempregados. Que provavelmente não aceitarão continuar a sê-lo por muito mais tempo.

Até quando meu Deus?

Cruz dos Santos
Coimbra/Portugal


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