terça-feira, setembro 22, 2009

Eu conto como foi: António Mourão

Nasceu no Montijo e foi em Lisboa que se afirmou como um grande artista. Estreou-se no Parreirinha de Alfama de Argentina Santos e era referenciado como 'o fadista de charme'. Sabia aliar a forma do seu canto com uma postura elegantíssima. Na sua figura de homem bonito e no modo como se vestia. Ele era um caso.

E é no Teatro Maria Vitória na revista 'E viva o velho' que canta em público 'Ó tempo volta para trás' da dupla Eduardo Damas e Manuel Paião. Cantou o fado/canção umas tantas vezes perante o entusiasmo do público. No ano de 1965 a letra do fado já a passar uma outra mensagem com 'as saudades' de um outro tempo .

Mourão adorava poesia e os nomes de José Carlos Ary dos Santos, Fernando Pessoa e António Aleixo, entre outros grandes poetas, fizeram sempre um seu outro caminho.

Cantou e gravou centenas de temas com destaque para 'Fadista louco', 'Não há fado sem saudade', 'Os teus olhos negros', 'Chiquita Morena', 'Oh Vida dá-me outra vida'. 'Fado do Cacilheiro' e ainda 'Varina da Madragoa'.

Está a viver o passo dos seus dias, sereno, elegante e civilizado, no espaço feliz da Casa do Artista. E onde já se disse que ali, naquele lugar de vivas memórias, 'envelhecer é proibido'.

É grande a saudade do público que sempre o elegeu como um grande artista. Porque o tempo não volta nunca para trás.

MUITO RESERVADO

Correu pelo Mundo, encantou plateias e ganhou prémios. Fala-se de Mourão como um ícone. Muito reservado e tímido era um ser muito especial. Detestava a vulgaridade ou cair no ridículo. Talvez por isso mesmo se tenha retirado no auge da sua carreira.

CARLOS CASTRO

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