segunda-feira, abril 12, 2010
Opinião de Coimbra
OPINIÃO DE COIMBRA
Cruz dos Santos
PORTUGAL EM TEMPOS SOMBRIOS
Portugal, o Estado, as famílias e a banca estão mais endividados do que se dizia acerca de sete anos. A União Europeia está crispada e olha-nos de soslaio. Os nossos governantes estão inquietos, com todos estes imbróglios e quezílias políticas. Os agentes económicos, cada vez mais, preocupados. Os funcionários públicos assustados. E o povo unido, está a ser vencido...por toda esta caterva de impostos e inflação, enquanto que alguns políticos "não se coíbem de gastar anualmente um bilião de euros com... automóveis de alta cilindrada, designadamente Mercedes, BMW, e Audis de topo gama. Mais de mil elementos de classe política deslocam-se, diariamente, em viaturas oficiais com motorista, comprados e mantidos pelo erário público". Do outro lado da "barricada", o défice continua acumular-se nas entranhas deste nosso pacato país. E ouve-se falar de crise de valores e de confiança e não falta quem reclame virtude na vida pública, educação cívica e reforma de mentalidades. São votos pios, caritativos. Nada disso vale tanto como leis claras, debates públicos, meios Judiciais eficazes e polícias eficientes. Até porque hoje ninguém acredita em ninguém. Mais uma razão, para o "Zé-Povinho" desconfiar destes estadistas, destes senhores versados em negócios políticos do Estado e do nosso estado financeiro! E já que falamos de "Estados-estados", é falaciosa a ideia de que o Estado pode ser bom. E é uma sinistra armadilha a fórmula tão gasta e que diz que se deve procurar "menos Estado, mas melhor Estado". Não existe um "Estado melhor", é uma contradição nos termos. Nem pode haver "menos Estado", visto que o "Estafermo" só conhece uma via, a do crescimento. Ponto final. Os desastres da gestão pública, da corrupção e do nepotismo estão aí, como doenças fatais das sociedades, a exigir terapias radicais. A degradação moral a que se assiste todos os dias é o resultado da extinção de valores fundamentais. O estado quer transformar os cidadãos em anões, dizia um clássico. Desapareceram os ideais de desafio, risco, incentivo e interesse, verdadeiros motores de desenvolvimento e, em última instância, alma das sociedades humanas. A ausência da mão invisível, único termómetro das aspirações dos consumidores, fez dos cidadãos seres quase vegetais, passivos e abúlicos.
Salvo melhor opinião, só a iniciativa privada devolverá ao cidadão a auto-estima há tanto destruída.
-o-o-o-o-o-o-o-o-o-
CRÓNICA DO CANADÁ
CRÓNICA DO CANADÁ
A canção da sobrevivência
Existem pessoas que reclamam condições para a realização de tarefas. Há as que se desculpam por não terem progredido, galgado degraus porque lhes faltaram oportunidades.
Entretanto, a engenhosidade humana não tem limites e quando o Espírito deseja, concretiza seus anseios, embora os embates de fora, as agressões, as adversidades sejam uma constante.
Durante a Segunda Guerra Mundial, num imundo campo de concentração em Sumatra, um bando de mulheres magras e desnutridas foram se sentindo sempre mais fracas. Até que idealizaram algo que as pudesse aliviar da tortura do aprisionamento e das péssimas condições de alimentação e higiene.
Foi em Dezembro de 1943 que as prisioneiras principiaram a passar a palavra que suas colegas promoveriam um concerto.
Ao ar livre, num espaço cercado, a multidão de crianças e mulheres apinharam-se.
Alguém escreveu no chão sujo: ORQUESTRA.
As participantes foram entrando, uma após a outra, cada qual transportando um banquinho e algumas folhas de papel. Nenhum instrumento à vista. Estranha orquestra! Seria uma brincadeira engendrada pelos guardas brutais, com o fim único de abater o ânimo, já tão escasso daqueles seres sofridos?
Então, uma missionária presbiteriana, magra, de grossas lentes destacou-se. Como regente, deu sinal às prisioneiras que passaram a imitar o som da orquestra. Lentamente, as sinfonias invadiram o pavilhão.
Pelas mentes cansadas das mulheres que ouviam, as imagens sucediam-se como por encanto. A missionária evocou um tema do Natal do compositor Handel, e um prelúdio do Chopin reavivou lembranças de um amor que um dia existira na fase do namoro e do casamento de muitas delas.
O som de violinos podia ser ouvido. Em certo momento, o guarda de baioneta na espingarda, furioso, investiu contra o grupo. No exacto momento, o coro atingiu o auge da sua apresentação e ele permaneceu imóvel, como que hipnotizado pelos acordes vocais.
Por mais três ou quatro vezes, o coro fez concertos. A música renovava-lhes as esperanças e o sentido de dignidade humana.
Quando cantavam, esqueciam que se encontravam num campo de concentração, entre ratos e mau cheiro.
Suas almas alçavam o vôo da liberdade e nas suas asas conduziam as companheiras.
Além das cercas, dos maus tratos elas andavam nos campos, aspiravam o perfume das flores, tinham acesso a salões de festas, teatros e participavam do grandioso concerto.
Seu canto levava-as para muito além dos muros, da miséria e do desamor.
Do grupo miserável de vestidos remendados e gastos, de pés descalços, cabeças rapadas e ataduras nas pernas e nos pés, para cobrir as feridas.
Sua voz soou clara, como um arauto de boas novas: "Esta noite vocês ouvirão um coro de vozes femininas produzindo música, geralmente executada por orquestras. Fechem os olhos. imaginem-se num teatro imponente e ouçam a música imortal. Usem-na, todos os dias, para executar a sinfonia da esperança aos ouvidos dos aflitos e ciciar doces melodias para os corações sem esperança. Unam-se a outras vozes e à orquestra divina que se chama amor."
Nota: Esta Crónica foi escrita com base no artigo 'Canção da Sobrevivência', da Revista -Seleções do Reader's Digest-
Pensamento da Semana
Todos nós temos na garganta uma flauta mágica, disposta por Deus, para modulação da canção da paz. (Mano Belmonte)
Mano Belmonte
manoamano@sympatico.ca
http://manobelmontecantor.blogspot.com
Entretanto, a engenhosidade humana não tem limites e quando o Espírito deseja, concretiza seus anseios, embora os embates de fora, as agressões, as adversidades sejam uma constante.
Durante a Segunda Guerra Mundial, num imundo campo de concentração em Sumatra, um bando de mulheres magras e desnutridas foram se sentindo sempre mais fracas. Até que idealizaram algo que as pudesse aliviar da tortura do aprisionamento e das péssimas condições de alimentação e higiene.
Foi em Dezembro de 1943 que as prisioneiras principiaram a passar a palavra que suas colegas promoveriam um concerto.
Ao ar livre, num espaço cercado, a multidão de crianças e mulheres apinharam-se.
Alguém escreveu no chão sujo: ORQUESTRA.
As participantes foram entrando, uma após a outra, cada qual transportando um banquinho e algumas folhas de papel. Nenhum instrumento à vista. Estranha orquestra! Seria uma brincadeira engendrada pelos guardas brutais, com o fim único de abater o ânimo, já tão escasso daqueles seres sofridos?
Então, uma missionária presbiteriana, magra, de grossas lentes destacou-se. Como regente, deu sinal às prisioneiras que passaram a imitar o som da orquestra. Lentamente, as sinfonias invadiram o pavilhão.
Pelas mentes cansadas das mulheres que ouviam, as imagens sucediam-se como por encanto. A missionária evocou um tema do Natal do compositor Handel, e um prelúdio do Chopin reavivou lembranças de um amor que um dia existira na fase do namoro e do casamento de muitas delas.
O som de violinos podia ser ouvido. Em certo momento, o guarda de baioneta na espingarda, furioso, investiu contra o grupo. No exacto momento, o coro atingiu o auge da sua apresentação e ele permaneceu imóvel, como que hipnotizado pelos acordes vocais.
Por mais três ou quatro vezes, o coro fez concertos. A música renovava-lhes as esperanças e o sentido de dignidade humana.
Quando cantavam, esqueciam que se encontravam num campo de concentração, entre ratos e mau cheiro.
Suas almas alçavam o vôo da liberdade e nas suas asas conduziam as companheiras.
Além das cercas, dos maus tratos elas andavam nos campos, aspiravam o perfume das flores, tinham acesso a salões de festas, teatros e participavam do grandioso concerto.
Seu canto levava-as para muito além dos muros, da miséria e do desamor.
Do grupo miserável de vestidos remendados e gastos, de pés descalços, cabeças rapadas e ataduras nas pernas e nos pés, para cobrir as feridas.
Sua voz soou clara, como um arauto de boas novas: "Esta noite vocês ouvirão um coro de vozes femininas produzindo música, geralmente executada por orquestras. Fechem os olhos. imaginem-se num teatro imponente e ouçam a música imortal. Usem-na, todos os dias, para executar a sinfonia da esperança aos ouvidos dos aflitos e ciciar doces melodias para os corações sem esperança. Unam-se a outras vozes e à orquestra divina que se chama amor."
Nota: Esta Crónica foi escrita com base no artigo 'Canção da Sobrevivência', da Revista -Seleções do Reader's Digest-
Pensamento da Semana
Todos nós temos na garganta uma flauta mágica, disposta por Deus, para modulação da canção da paz. (Mano Belmonte)
Mano Belmonte
manoamano@sympatico.ca
http://manobelmontecantor.blogspot.com