terça-feira, abril 18, 2017

Quando a dureza nos chama pelo nome

Quando a dureza nos chama pelo nome: Saía da Praça do Marquês, no Porto, quando uma voz anónima se fez ouvir. 'Dá-me uma moeda.' Ainda decorriam os segundos de hesitação a avaliar o pedido, quando a mesma voz me chamou pelo nome. Em sobressalto, olhei o homem parado a poucos metros e aproximei-me à procura de traços que me dissessem de onde nos conhecíamos. A minha confusão deve ter sido tão evidente que foi ele a justificar-se. Cruzámo-nos há vários anos, quando fazia uma reportagem nos Anjos, em Lisboa. A razão de ter fixado o meu nome? Em tempos, teve uma filha Inês. Noutra vida, arrumada numa gaveta bem fechada na memória, quando não se sentia um fantasma a deambular pelos dias.

Inês Cardoso/JN

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