A minha modesta Homenagem a AMÁLIA RODRIGUES pelo 100º Aniversário do seu Nascimento.
Conheci pessoalmente AMÁLIA em 1968, quando cumpria o serviço militar na cidade de Tomar. Decorriam as famosas "Festas dos Tabuleiros" e Amália era a vedeta da noite...
Eu, fervia por dentro, queria estar com Amália, não sabia como e onde e a minha timidez misturada com uma espécie de medo, eram enormes e "paralisavam-me" os sentidos.
Tinha como amigo e camarada o Manuel, que era de São Miguel/Açores que também cumpria o serviço militar; estávamos a tirar o curso de Sargentos Milicianos Enfermeiros, no Hospital Militar de Tomar que ficava ameias com o Castelo e o Convento.
Se eu era um fanático por Amália o Manuel Açoriano, não era menos.
Combinamos, e foi um ver se te avias a arranjar maneira de ir ver a nossa DIVA.
Lembro-me, de uma grande tenda montada no maravilhoso jardim da cidade e, antecipadamente, sabíamos que essa tenda servia de "camarim" para a Artista.
Lembro-me, que alguém nos interpelou e dissemos que queríamos um autógrafo da Dona Amália, ela ouviu-nos e disse para nos deixar entrar...
Oh Deus ! Eu tremia todo e quando encarei com Amália tive uma sensação de frio e "terror", ela apercebeu-se do nosso nervosismo e sorriu para nós. Tinha fotos que autografou, fez perguntas e dissemos que éramos militares, desejou-nos boa sorte, despedimo-nos com um "seco" boa-noite, agradecemos muitas vezes, ela sorriu muito e eu, "atemorizado" fui o primeiro a sair da Tenda, quando o meu desejo era ficar horas sem fim de joelhos em frente à minha "deusa".
O Manuel estava feliz por a conhecer pessoalmente e pelo autógrafo, eu, como um "pobrezinho", achando que a "esmola" era pequena, depois do concerto, resolvemos ir "espiar" para o Hotel Nabão onde Amália estava hospedada . Tivemos sorte ,conseguíamos vislumbrar (cá de fora) Amália que, conversava com algumas pessoas com um copo esguio na mão. Assim estivemos algum tempo embebecidos. Regressamos à camarata onde já lá dormiam os outros companheiros. Felizes e de corações recheados de emoções que, ainda hoje, passado mais de meio século, permanecem num "bate-bate" constante.
Depois (já no Canadá), estive com AMÁLIA em 1977 num Concerto em Toronto. Em 1984, na sua casa em Lisboa com o poeta Duarte Simões que escreveu para Amália. Lembro o fado "Meia Noite e Uma Guitarra".
Com tempo, contarei o nosso novo encontro em sua casa. Foi diferente, já nos conhecíamos e a conversa foi longa, bonita e divertida para ambos. Assim o mostrou!
Os anos passaram e AMÁLIA ficou para sempre no meu peito. A Diva, que está com os anjos, sabe disso. Um dia, irei visitá-la.
Descanse em Paz !
Mano Belmonte