"Distribuir preservativos não é solução", disse o Papa Bento XVI, nos Camarões. A posição da Igreja Católica sobre as relações sexuais é conhecida: ela deve ser praticada só por um homem e por uma mulher que tenham contraído casamento antes. No que diz respeito ao combate à sida, parece de eficácia irrefutável. Se a sida se propaga sobretudo pelas relações sexuais, se estas só se efectuarem entre cada casal, um transmissor de sida só infectará o cônjugue. Caso este morra, o sobrevivente terá de arranjar outro(a) companheiro(a) para fazer nova vítima. Entretanto, lá no bairro certamente que já se desconfiará deste(a) viúvo(a) a repetições e duvido que haja mais casamentos com ele(a). Quer dizer, com esta posição da Igreja Católica sobre o sexo, a sida haveria de parar bem rápido. Há um porém neste raciocínio. E ele não está na conclusão: sim, a sida pararia se, havendo sexo, só fosse no casamento. O porém está no facto de haver sexo fora do casamento e muito. E como é assim, dizer que o preservativo, que diminui a transmissão, não é solução, passa a ser problema. No combate à sida, é isso que o Papa é: problema.
Ferreira Fernandes
(Diário de Notícias)
Ferreira Fernandes
(Diário de Notícias)
Sem comentários:
Enviar um comentário