A PAU COM A ESCRITA
Portugal é uma terra boa e bela, mas infeliz por de vez quando ficar nas mãos de patifes que espezinham o povo e até o amordaçam. Porque ninguém emigra por gosto, os expatriados portugueses sabem de cor todo o livro da iniquidade do poder, porque é aí que estão os nomes de quem os empurrou pela fronteira fora.
Emigrados, a comer muitas vezes o pão que o diabo amassou, o coração pesado por se sentirem enteados enquanto maus filhos delapidam património e enchem os bolsos, numa pressa de mau agoiro, ainda assim os portugueses expatriados fazem a sua caminhada roídos de saudade. Porque Pátria é Mãe. É um amor desesperado, quase sempre sem retorno, mas não há nada a fazer. Ninguém nega a Mãe ou a abandona.
Nos dias que correm, estamos todos colados às notícias que nos chegam pela TV, a rádio, os jornais, a família, os amigos. E essas notícias deixam-nos profundamente perturbados e preocupados. Depois de assassinarem o Rei e o Príncipe Herdeiro, os da corja implantaram uma República que, após uma "balbúrdia sanguinolenta" prevista por Eça de Queiroz, desembocou numa ditadura férrea e sem alma, que apoiou Hitler e Francisco Franco, logo seguida de uma revolução que encheu de esperança o povo e se viu confrontada com o assalto ao poder pelos comunistas, ao tempo perdigueiros féis da União Soviética e de Estaline, assalto esse que se saldou pela destruição quase completa do tecido económico do país e pela queda desastrada do Império, sem o menor respeito pelo povo português e pelos povos das colónias, numa entrega vil e novas guerras e opressões, que a História registará para sempre, até se acabar num arremedo de democracia que mais parece um beco de má vida, com rufias e galdérias a insultarem-se uns aos outros dia e noite, enquanto o povo perde o trabalho e aperta o cinto, num regresso à fome como fatalidade, e tudo isto perante o olhar magoado do Portugal Peregrino.
Eu sei que quem fez esta desgraça e a mantém, nada merece senão o nosso desprezo. Mas, lá na Pátria, há irmãos nossos cheios de carências. Que podemos fazer?
Portugal precisa de exportar os seus produtos como de pão para a boca. Nós, portugueses, vivemos em países onde há muita e boa comida mas, apesar disso, gostamos sempre de comer o que é nosso, de beber o nosso vinho. Em todas as comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo, há Mercado da Saudade, isto é, comércio que vende tudo o que vem de Portugal. Pois bem, meus caros compatriotas, vamos ajudar a Pátria comprando produtos portugueses. Somos cinco milhões de expatriados, a ajuda será boa se todos nos empenharmos nesta empreitada.
Fernanda Leitão
Toronto/Canadá
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