CRÓNICA DE COIMBRA
'OS PÉSSIMISTAS E OS OPTIMISTAS'
Há gente p'ra tudo. Gente que afirma que "o mundo vai mal" e que "somos governados por um "Império" mais nefasto do que o imperalismo". Outros atestam, "que devido haver liberdade a mais, se cometem excessos de abuso"! E há aqueles que, sorrateiramente, vão dizendo que "se criou uma teia de multinacionais sem rosto que vivem da droga e do branqueamento, e que só se interessam pelo lucro e mandam nos Governos". Depois, os habituais fazedores da política, na oposição, que não se fartam de dizer, que "os ricos estão cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres"! Uma coisa é certa, morrem, por ano, milhões de crianças à fome. A globalização está a dar cabo da democracia e das soberanias. Já não há, na América, como na maioria dos países Africanos, direitos humanos e a Europa para lá caminha. Toda a construção do direito internacional, feita laboriosamente desde o fim da Segunda Guerra foi destroçada pelos americanos. Apesar disso, é necessário dar aos cidadãos uma mensagem positiva e uma palavra de esperança. Precisamos de mostrar optimismo a fim de evitar a depressão e a tristeza.
Portugal não corre riscos. Com oitocentos anos de história, Portugal resistirá a tudo. No entretanto, dizia outro que" Portugal está péssimo. O desemprego está a subir em flecha e os despedimentos crescem como nunca. Os aumentos salariais estão abaixo da inflação, o que representa uma perda real de poder de compra e de nível de vida. Que os patrões fogem ao "fisco" e fecham empresas. As multinacionais deslocam as suas indústrias para a Europa de Leste, para a Ásia e agora para África (Angola). A Justiça está destronada e as polícias destruídas. Portugal já não é independente. A Segurança Social está em vias de privatização e os funcionários públicos ficarão sem garantia de reformas. A saúde vai ser transformada num negócio de ricos e os pobres ficarão sem serviço nacional de saúde. Cresce a corrupção e o Estado é incapaz de lhe pôr cobro.
Mas, é preciso apostar na capacidade do povo português. Importa transmitir esperança e mostrar que não há razões para a depressão. Portugal não corre riscos. Com oitocentos anos de história, Portugal resistirá a tudo. Mas os défices são horrendos. As dívidas e os compromissos atingem níveis inimagináveis. A educação foi destruída. O consumo da droga não cessa de aumentar. A criminalidade alastra. Os valores estão em crise. Os trabalhadores têm direitos a mais e deveres a menos. A ineficiência das empresas portuguesas é confrangedora. É necessário apertar o cinto, diminuir o crescimento de salários, aumentar o desemprego, permitir os despedimentos, privatizar os serviços públicos, investir, apostar e inovar. É urgente realizar uma reforma de mentalidades. Por isso é preciso dar uma mensagem positiva de confiança e de esperança no futuro. Mas... Portugal não corre riscos. Com oitocentos anos de história, Portugal resistirá a tudo.
A composição do cérebro dos optimistas é um inigma. Um mundo floreado de paisagens utópicas e miasmas.
Cruz dos Santos
Coimbra/Portugal
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