Somos um Povo ainda muito enraizado às tradições e costumes da "aldeia da roupa branca". A imagem da nossa pacata gente, estão ainda sob o poder de modelos arcaicos e subjectivização. A imagem de si culpabiliza, e as avaliações e os exames diminuem as poucas forças internas capazes de mobilizar os indivíduos, porque estes sofrem fundamentalmente de qualquer coisa como uma desvalorização do seu ser, de uma falta ontológica que faz com que estejam convencidos, no seu foro mais íntimo, de que "não estão à altura", de que são inferiores aos outros (os de "lá de fora"). Esse complexo, dito de inferioridade, não desapareceu ainda na alma dos portugueses. Os arroubos discursivos, dos nossos políticos, são gritantemente indicativos de um estado de possessão que se assemelha ao xamanismo.
Estamos enfeitiçados pelas potências ctónicas desprendidas pelo mênstruo revolucionário. Embriaguez orgástica da reivindicação. Caem a lei e a norma. O entusiasmo libertino da destruição. Intimidação verbal: crença no poder mágico da palavra. Tautologia hipnotizante dos "slogans" revolucionários desgarrados de qualquer lógica doutrinal. Esquerdismo obcecado, irracional, integrado na bajulice. A adopção cega da "via da mão esquerda" cujos ritos se celebram nas "catacumbas dos mistérios da Grande Deusa Ctónica".
Por isso, quando se afirma que em Portugal há muita gente que pouco faz, não é de todo correcto. Em Portugal, há muita gente que muito faz. Muito faz que faz. Muito faz-de-conta. Por isso o país não se desenvolveu realmente, durante estes anos de riqueza que nos foi oferecida de bandeja (claro, com contrapartidas destrutivas, se não fosse feito). Não operámos nem revoluções radicais na educação (condição primeira de desenvolvimento), nem criámos planos de reorganização da economia, da administração, da reforma fiscal, da investigação científica ou de saúde.
Perdemos - estamos a perder - uma oportunidade única. E o nosso frágil tecido económico esboroa-se dia após dia. Portugal arrisca-se a desaparecer, principalmente este, que é...o Portugal rico do faz de conta.
Cruz dos Santos
Coimbra/Portugal
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Coimbra/Portugal
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