Uma vida de fado e revista
Vi-a pela primeira vez no 'Chá das 6', nos Restauradores, em Luanda, Angola, nos anos 70. Era artista convidada. Cantou e voltou a cantar. Durante uma trovoada de aplausos em dez minutos longos e inesquecíveis. Afirmava-se sempre com aquela voz inesquecível. "Um vozeirão", diz La Féria, que a levou pela última vez ao palco do Politeama com Honra de Cartaz em 'Canção de Lisboa'.
E como sabia cantar. Possuidora de umas cordas vocais de grande potencialidade, fazia vibrar o público. Em interpretações únicas. Ela foi criadora do celebrado 'Fado da Carta', de João Nobre e Amadeu do Vale.
Desde os dez anos que entrava nas peças teatrais e nas cantigas. Revelada fadista no 'Café Luso', pela mão de Filipe Pinto nos anos 40, deixando a profissão de modista. João Nobre convida-a para estrear 'Banhos de Sol', uma revista de sucesso. Vieram tantas outras e a Fernandinha era um caso. A RTP gravou programas da artista.
Foi cabeça-de-cartaz de grandes espectáculos com muitos prémios merecidos e levando Ema Pedrosa da selecção de antologia a dizer "se fosse tempo dos discos de ouro e de prata ela forrava a casa com tanto sucesso". Actuou no Brasil, na Argentina, Estados Unidos e Angola. Recebida em apoteose sempre.
A MODISTA VIROU UMA GRANDE FADISTA
Fernanda Baptista nasceu na freguesia de Santa Catarina, Lisboa. A modista deu lugar a uma grande cantora. Um dos raros exemplos de longevidade artística, sempre com o êxito junto de si. Comunicativa por excelência, muito civilizada, era um ser exemplar. Recebeu a Ordem de Mérito em 2003 do então Presidente da República, Jorge Sampaio.
Morreu a 24 de Julho de 2008, em Cascais. E o que ela mais gostava de fazer, como diz o seu grande amigo Miguel Villa, era "canta fado e o teatro de revista".
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