Fernanda Leitão
Fonte digna de confiança fez-nos saber que foi vendido o Campo de Férias.
Não é uma suspresa, pois não seria lícito esperar que o último responsável pelo Campo, Manuel Carvalho, tivesse de aguentar sózinho as despesas, os encargos, os trabalhos.
Garantem-nos que o maior credor do Campo, Manuel Costa, já recebeu o que lhe era devido, o que só honra quem foi responsável pelo empréstimo.
Em contrapartida, garantem-nos que não se sabe quem foi o comprador, por quanto foi vendido o Campo de Férias e qual será o destino desse terreno. Isto é grave, mas não causa a menor surpresa.
É grave, porque esse Campo de Férias foi comprado com os donativos de milhares de portugueses que confiaram em quem teve a ideia e organizou a recolha de fundos. Todos estamos lembrados do teleton, transmitido em linha directa pela TV, durante o qual passaram centenas largas de pessoas perante o entusiasmo de figuras conhecidas da comunidade como Martinho Silva, Osvaldo Santos, etc. Nem faltou uma figura que, tendo sido hóspede, a contragosto, de um "hotel" em Kingston, acabou por se estabelecer com um resort turístico. Em suma, todos deram, os gregos e os troianos. Todos mostraram acreditar que aquele grupo promotor era fiável e que os filhos dos portugueses iam ter, enfim, um campo de férias onde teriam tudo o que uma criança precisa de ter depois de um ano de escola e de vida na cidade. O mínimo de correcção e lealdade, por parte de quem administrou e vendeu o campo, seria um comunicado, claro e explícito à comunidade.
No entanto, não é surpreendente que não haja comunicado ou outra forma de contar a história toda à comunidade pagante.
Porque, até agora, não houve a decência e a boa educação de participar coisa nenhuma aos nossos compatriotas. Com água benta ou sem ela, pintam e bordam, arrecadam a massa, e não ligam importância a ninguém. É feio, é muito feio, mas já nada se espera da chamada fina flor do entulho.
Este Campo e Férias foi baptizado de Camões. Já junto do que foi o First Club (outra história mal contada), lá está o Camões a servir de porteiro a um bar rasca. Pouca sorte a do poeta maior da Pátria! Bem disse o Mestre Almada-Negreiros num poema que fcou célebre: "a pátria onde Camões morreu de fome / e onde todos enchem a barriga de Camões".
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