Ela varria o palco com as suas passadas de grande atriz. Espalhando a sua mágica forma de agarrar todas as plateias. Quando entrava em cena e em todos os momentos. A rir e a chorar, gesticulando, praguejando, dizendo os textos variados num galopante exercício de interpretação maravilha. Foi o ícone de Ary dos Santos, de César de Oliveira, Bracinha ou tantos outros autores de prestígio.
Foi corista no início de carreira. Depois José Miguel olhou-a e soube logo que ali estava o potencial da revista.Estreia-se em 'Revista Vamos à Festa', em 1963, no ABC. E é em 'Chapéu Alto' que Ivone aparece como primeira figura. A partir dali tudo muda. Quem não se lembra dos 'Pequenos Cantores de Viana' num tal registo brilhante que a guindou para o topo? Reconhecida publicamente como a 'rainha do Parque Mayer'.
Refilona na 'Olívia Patroa, Olívia Costureira' e até disse que "com um vestido preto eu não me comprometo", endiabrada na chiquérrima "Madame Salreta", uma socialista do faz-de-conta na época. Na RTP, em 'Sabadabadu', em que foi magistral com Camilo e naquele 'Ai Agostinho, Que Rico Vinho, Este País Tá Todo Grosso' e a fazer jus aos anos 80. E, se cá estivesse, era a mesma coisa. Recorde-se 'Lábios Pintados' ou 'Sete Colinas' e 'Diário de uma Louca' esbanjando talento nato.
Morreu em 1987 de cancro da mama. Um episódio iria marcar na data a maldade gritante dos saneamentos na RTP e outras tropelias.
Um grande realizador e homem nobre da casa sugere que se passe nesse dia 'Feliz Natal Avozinha' e que ela interpretou no Teatro da Graça. Alguém disse "Mas essa bobine foi destruída!"
RÁBULAS SOCIAIS APLAUDIDAS
Quando morreu, a Basílica da Estrela teve um mar de gente a aplaudir o seu último acto. Ficou como a eterna 'Rainha do Parque'. Ivone interpretou os maiores autores e nunca mais teve substituta, na forma como agarrava o público. Ela entrava em palco e todos a aplaudiam. Já se sabia que ia ser outra grande rábula de crítica social.
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