SOMOS CADA VEZ MAIS POBRES!
Num planeta que produz cada vez mais riquezas, os pobres são cada vez mais pobres, enquanto os ricos não param de enriquecer.
Os 25% dos indivíduos mais ricos do globo, viram a sua parcela de seu rendimento passar de 70% para 86%, enquanto que a parcela correspondente aos 25% mais pobres caía de 2,3% para 1,3%. segundo o Banco Mundial, o número de pessoas que vivem num despojamento absoluto terá sofrimento de mais de 100 milhões de indivíduos. A sociedade mundial encontra-se duas vezes mais desigual. Para além dessas desigualdades, a pobreza e a riqueza medem-se também pela densidade de infra-estruturas que cada país possui e pela qualidade da sua saúde e da sua educação. Não se esqueçam que a conversão do Ocidente, fundado, sobre a desregulação social, provocou, desde então, o surgimento de uma "nova pobreza", que atinge já milhões de indivíduos. Na União Europeia e nos Estados Unidos 20 a 30% dos habitantes vivem na pobreza, apesar da riqueza dos seus países. Por outro lado, o crescimento é cada vez mais desigual, não beneficiando praticamente senão os rendimentos já de si elevados. Em 1995, a remuneração média dos presidentes do conselho de administração das empresas americanas era em média cento e setenta e três vezes superior à dos seus assalariados.
O carácter desigual do crescimento não é predicado único dos países ricos. De facto, as desigualdades no seio de cada nação acentuaram-se por toda a parte. Enquanto pequenas ilhas, de extrema pobreza, surgem como outras tantas intrusões do Sul no Norte, a existência de reduzidas minorias detentoras de grandes fortunas nos países do Sul torna ainda mais escandalosa a miséria da maioria.
Seja qual for o lado para que nos viremos, a constatação é por conseguinte a mesma. À exclusão dos países mais pobres da nova esfera da prosperidade internacional, que se desenha sob a égide de uma economia mundial desregrada, responde a exclusão, no seio de cada nação, de largas camadas da população, sobre-exploradas ou economicamente marginalizadas, entre as quais as mulheres são maioritárias. O surgimento de uma pobreza em grande escala no Norte não deverá no entanto ocultar o facto de a fractura social mais grave a que separa o Norte próspero das regiões do Sul. É nelas que se encontram os condenados da Terra. Os desempregados. Que provavelmente não aceitarão continuar a sê-lo por muito mais tempo.
Até quando meu Deus?
Cruz dos Santos
Coimbra/Portugal
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