NÃO SEJAMOS SAUDOSISTAS
Há países cuja população está a morrer de fome; há países tão longe da Europa que ninguém se lembra de que existem; há outros que vivem em guerra civil constantemente, com problemas raciais e desrespeitando os direitos humanos. Há países governados por ditadores. Outros, divididos por sanguinárias lutas religiosas. Não é o caso de Portugal, que com oito séculos de História, viveu, cerca de 35 anos, uma revolução que criou esperanças na alma de muitos milhares de portugueses. Só que essa confiança, na aquisição de um bem que tanto se desejava, evaporou-se! Ficámos mais míseros! Além de pobre, Portugal é o país mais desigualitário da Europa. O rendimento médio dos 20% dos indivíduos mais ricos é, em Portugal, 7 vezes superior ao dos 20% mais pobres, quando, na Europa, esse número é de quatro. Como se isto não bastasse, junta-se a mobilidade social, que é diminuta, o que significa que os filhos dos pobres continuam a não ter oportunidades de subir na vida. Enfim, "malhas que o Império tece"! Mas, não sejamos saudosistas, o que quer dizer, que olhar o passado, para a nossa História e para tudo o que nos aconteceu, não seja importante. É importante, porque nos permite viver melhor o presente e abrir caminhos para a frente. O passado, é sempre um "tema sagrado" no sentido em que nos pertence e nos define, mas não nos pode deter. Muito pelo contrário.
Há quem viva com a nostalgia do passado e quem olhe para aquilo que viveu como o melhor tempo da sua vida. Acontece, é frequente e até humano, mas uma atitude excessivamente retroactiva, pode impedir-nos de avançar e de mudar aquilo que precisa de ser mudado e melhorado. No entanto, o passado é sagrado, porque é dele que tiramos sentido para o presente e para o futuro e é ele que nos permite ser fiéis a nós próprios no que é essencial. Uma fidelidade profunda, ao nível da consciência e não de uma fidelidade aos acontecimentos ou a certas escolhas que fizemos.
Pensem nisso!
Cruz Santos
Coimbra-Portugal
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