Mas que "negociatas"!
Acerca de meia dúzia anos, ficámos a saber, por colorido anúncio dos jornais, que as Presidências da União Europeia e da União da Europa Ocidental se fazem "sob o patrocínio" de nove empresas de fotocópias, computadores, televisões, café, refrigerantes, automóveis e telefones. A obscenidade passou despercebida. Aliás, as obscenidades passam sempre ao lado da decência. Vendem mais! "A mercantilização chegou à política. Sem sponsors, os organismos representativos da soberania popular já não conseguem ter meios para reunir. Ou, se têm meios, preferem demonstrar que estão na onda".
Analisando, detalhadamente, a quantidade de "vedetas" que proliferam e deambulam por este nosso País, a comercializarem seus físicos por estas revistas cor-de-rosa, sob a patronagem de champôs, telemóveis, detergentes, cremes para as rugas e outros, qualquer dia vamos ver os nossos ministros a aconselhar a "banha da cobra" para as "barrigas inchadas"! O Parlamento poderia vender patrocínios. Os Governos também. Vender-se-iam sessões parlamentares, uma a uma, segundo os temas em debate. Ou mesmo, promoverem um novo "talent-show" na televisão, apresentando novas versões de propaganda política. Os duelos seriam renhidos, e ficariam a cargo dos jurados: Manuela Moura Guedes e o distinto Advogado Dr Marinho Pinto, bem como reuniões do Conselho de Ministros. Missas, enterros, casamentos e exames universitários, seriam igualmente patrocinados, pelas centenas de marca de águas minerais e telemóveis. As enfermarias, os centros de saúde e as prisões seguiriam o mesmo caminho. E nem esqueceríamos as Polícias e as nossas Forças Armadas. Já pensaram, por exemplo, no impacto que teria, contemplarmos os nossos tanques e carros de combate, a passearem-se pelas estradas, com José Castelo Branco, a Lili Caneças, a Elsa Raposa e outros "famosos", montados nesses blindados, agarrados aos canhões de elevado calibre, anunciando marcas de sardinhas, colchões ortopédicos e vinho verde? E, como "consideram a política um negócio, a soberania um consumo, a eleição um mercado, a representação nacional um espectáculo e a presidência europeia uma encenação, porque razão não haveriam de vender-se ao melhor preço"? Não seriam grandes "negociatas"? Tanta hipocrisia, meu Deus! Tanta despesa supérfula! Tantas "belezas" vazias e convencidas (artistas e actrizes de "meia-tigela"), ornamentadas de jactância e ... tanta gente desempregada e na miséria! O artificialismo e a vanalidade destas propagandas, não passam de puro exibicionismo e comercialização. Uma loucura!
" Vanitas vanitatum et omnia vanitas"! "Vaidade das vaidades e tudo é vaidade!
Cruz Santos
Coimbra Portugal
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