Crónica do Canadá
Desapego
Vivemos numa época de celebridades, apelos fáceis à riqueza, ao consumismo, às paixões avassaladoras. Transitamos aturdidos por um mundo em que o destaque vai para aquele que mais tem.
E a todo o instante os comerciais de televisão, os anúncios nas revistas e jornais, os outdoors clamam "Compre mais. Ostente mais. Tenha mais e melhores coisas".
É um mundo em que luxo, beleza física, ostentação e vaidade ganharam tal espaço que dominam os julgamentos.
Mede-se a importância das pessoas pela qualidade dos seus sapatos, roupas e bolsas.
Dá-se mais atenção ao que possui a casa mais requintada ou situada nos bairros mais famosos e ricos.
Carros bons somente os que têm mais acessórios e impressionam por serem belos, caros e novos. Sempre muito novos.
Adolescentes não querem repetir roupas e desprezam os produtos que não sejam de marca. Mulheres compram todas as novidades de cosméticos. Homens regozijam-se com fatos caríssimos nas vitrines. Tornamo-nos,enfim, escravos dos objectos de desejo que dominam nosso imaginário, impregnam nossa vida, que consomem nossos recursos monetários.
E como reagimos? Será que estamos a fazer algo - na prática - para combater esse estado de coisas?
Experimentemos olhar as montras de um shopping; Olhemos bem para os sapatos, roupas, joias, bolsas, enfeites, perfumes, etc., por um momento apenas, não nos deixemos seduzir. Tentemos ver tudo isso apenas como são: objectos. E digamos para nós próprios: "Não tenho isso, mas ainda assim sou feliz. Não dependo de nada disso para estar contente".
Lembremo-nos: é por desejar tais coisas, sem poder tê-las, que muitos optam pelo crime. Apossam-se de coisas que não são suas, seduzidos pelo brilho passageiro das coisas materiais.
Deixam para trás gente a sofrer, pessoas que trabalharam arduamente para economizar...
Deixam atrás de si frustração, infelicidade, revolta.
Um cargo, um status, uma profissão, um relacionamento, um talento que traz destaque. É o suficiente para se deixarem arrastar pelo transitório.
Esses amam o brilho, o aplauso ou o que consideram fama, poder, glória.
Para eles, é difícil despedir-se desse momento em que deixam de ser pessoas comuns e passam a ser notados, comentados, invejados.
Qual o segredo para libertarmo-nos de tudo isso? A palavra é desapego. Mas...Como alcançá-lo neste mundo?
Pela lembrança constante de que todas as coisas são passageiras nesta vida. Ou seja: para evitar sofrimento, a receita é a superação dos desejos.
Na prática, funciona assim: pensemos que as situações passam, os objectos quebram, as roupas e sapatos gastam-se.
Até mesmo as pessoas passam, pois elas viajam, separam-se de nós, morrem. E devemos estar preparados para essas eventualidades. É a dinâmica da vida.
Pensando dessa forma, aos poucos promovemos uma auto-educação que ensina a buscar sempre o melhor, mas sem gerar qualquer apego egoísta.
Ou seja, amar sem exigir nada em troca.
Pensamento da Semana
"Uma figura pública é sempre um manjar. Tem de ser moralmente muito sólida para suportar os ecos das notícias que lhe chegam"
(Raul Solnado)
Mano Belmonte
manoamano@sympatico.ca
http://manobelmontecantor.blogspot.com
=o=o=o=o=o=
Desapego
Vivemos numa época de celebridades, apelos fáceis à riqueza, ao consumismo, às paixões avassaladoras. Transitamos aturdidos por um mundo em que o destaque vai para aquele que mais tem.
E a todo o instante os comerciais de televisão, os anúncios nas revistas e jornais, os outdoors clamam "Compre mais. Ostente mais. Tenha mais e melhores coisas".
É um mundo em que luxo, beleza física, ostentação e vaidade ganharam tal espaço que dominam os julgamentos.
Mede-se a importância das pessoas pela qualidade dos seus sapatos, roupas e bolsas.
Dá-se mais atenção ao que possui a casa mais requintada ou situada nos bairros mais famosos e ricos.
Carros bons somente os que têm mais acessórios e impressionam por serem belos, caros e novos. Sempre muito novos.
Adolescentes não querem repetir roupas e desprezam os produtos que não sejam de marca. Mulheres compram todas as novidades de cosméticos. Homens regozijam-se com fatos caríssimos nas vitrines. Tornamo-nos,enfim, escravos dos objectos de desejo que dominam nosso imaginário, impregnam nossa vida, que consomem nossos recursos monetários.
E como reagimos? Será que estamos a fazer algo - na prática - para combater esse estado de coisas?
Experimentemos olhar as montras de um shopping; Olhemos bem para os sapatos, roupas, joias, bolsas, enfeites, perfumes, etc., por um momento apenas, não nos deixemos seduzir. Tentemos ver tudo isso apenas como são: objectos. E digamos para nós próprios: "Não tenho isso, mas ainda assim sou feliz. Não dependo de nada disso para estar contente".
Lembremo-nos: é por desejar tais coisas, sem poder tê-las, que muitos optam pelo crime. Apossam-se de coisas que não são suas, seduzidos pelo brilho passageiro das coisas materiais.
Deixam para trás gente a sofrer, pessoas que trabalharam arduamente para economizar...
Deixam atrás de si frustração, infelicidade, revolta.
Um cargo, um status, uma profissão, um relacionamento, um talento que traz destaque. É o suficiente para se deixarem arrastar pelo transitório.
Esses amam o brilho, o aplauso ou o que consideram fama, poder, glória.
Para eles, é difícil despedir-se desse momento em que deixam de ser pessoas comuns e passam a ser notados, comentados, invejados.
Qual o segredo para libertarmo-nos de tudo isso? A palavra é desapego. Mas...Como alcançá-lo neste mundo?
Pela lembrança constante de que todas as coisas são passageiras nesta vida. Ou seja: para evitar sofrimento, a receita é a superação dos desejos.
Na prática, funciona assim: pensemos que as situações passam, os objectos quebram, as roupas e sapatos gastam-se.
Até mesmo as pessoas passam, pois elas viajam, separam-se de nós, morrem. E devemos estar preparados para essas eventualidades. É a dinâmica da vida.
Pensando dessa forma, aos poucos promovemos uma auto-educação que ensina a buscar sempre o melhor, mas sem gerar qualquer apego egoísta.
Ou seja, amar sem exigir nada em troca.
Pensamento da Semana
"Uma figura pública é sempre um manjar. Tem de ser moralmente muito sólida para suportar os ecos das notícias que lhe chegam"
(Raul Solnado)
Mano Belmonte
manoamano@sympatico.ca
http://manobelmontecantor.blogspot.com
=o=o=o=o=o=
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