A FAMÍLIA E OS AMIGOS!
De entre as mudanças que estão a acontecer por todo o mundo, nenhumas são mais importantes do que as que afectam a nossa vida pessoal: a família e as relações de Amizade.
Estamos no meio de uma revolução acerca da forma como pensamos de nós próprios e sobra a maneira como estabelecemos laços e ligações com os outros. É uma revolução que avança a velocidade desigual, conforme as regiões e as culturas, enfrentando muitas resistências. Boa parte da nossa vida decorre como se fosse pouco real, um "quase sonho" ou uma "quase realidade". Vivemos de hábitos e de convenções, de crenças que nos foram contadas por outros, de opiniões, de boas maneiras, de pequenas e grandes mentiras. Na vida moderna, cheia de superficialidades e actos inúteis, de televisão, aquilo que conta baseia-se em coisas assim, como o desespero.
Até o valor do nosso corpo, a saúde. Um dia surprendentemente, ficamos doentes. Pode ser uma doença incurável. Fazemos exames clínicos. Procuramos continuar a ser normais, amavelmente, convencionalmente. Na realidade é como se tivéssemos sido postos perante um tribunal que nos condena à morte. Se nada acontece, é o perdão.
Dizemos então que o pesadelo acabou, como se a experiência tivesse sido um sonho. Apenas naquele período percebemos a dignidade de todos os seres humanos que defrontam o inelutável. Inelutável, significa aquilo que é comum a todos, aquilo que faz parte da essência e que constitui a nossa verdade. E são nestes momentos, que encontramos ao nosso lado Amigos. Aqueles, que partilham a nossa angústia, que se batem connosco, que estão do nosso lado. O verdadeiro amigo é aquele que fica ao teu lado e te ajuda quando todos os outros te abandonam. É verdadeiro o amigo que resiste à prova da luta, porque a luta implica escolher. Ele escolhe-te a ti em lugar de outro. Não há amizade sem escolha. A perda dramatiza a escolha, torna-a irreversível.
Na vida quotidiana as situações de perda são numerosas. Sempre imprevisíveis, sempre dramáticas. A nossa vida e a dos que nos são queridos está constantemente suspensa sobre o abismo do nada. A catástrofe pode aparecer inesperadamente. A angústia pode apossar-se de nós em cada instante. Nestas situações, temos (ou devíamos ter) sempre, perto de nós, os nossos familiares. Eles vivem connosco. É por eles que nos preocupamos. São eles que temos medo de perder. Ao mesmo tempo. porém, são eles que partilham a nossa angústia cada vez que alguém está em perigo. Mas vêm a encontrar-se na mesma situação os Amigos que frequentamos habitualmente. É através da perda que a amizade espiritual se transforma em amizade familiar. No momento do perigo o Amigo vem para o nosso lado, ajuda-nos, dá-se-nos. É uma experiência que influi profundamente nas nossas relações. Viver é um evento inexplicável. Mesmo quando sofremos, nos angustiamos e perdemos esperanças, somos complexos e indecifráveis. Não apenas a alegria e a sabedoria, mas também a dor e a insensatez revelam a complexidade da psique humana.
Pensem nisso!
Cruz dos Santos
Coimbra/Portugal
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