OS POLÍTICOS FALAM DEMAIS
As promessas e a vontade política nada podem contra os factos. Não será mais possível criar uma sólida base industrial em Portugal. Nunca a população activa industrial foi maioritária. Vivemos já a terciarização, pobre e precária, sem indústrias à altura. Reparem: desde 1990, portanto há quase vinte anos, que Portugal é o menos industrializado de todos os países da OCDE, ou seja, registou a maior quebra de produto industrial que se verificou entre esses países.
Portugal não terá nunca uma agricultura decente, capaz de dar um rendimento razoável aos agricultores e de alimentar uma boa parte dos portugueses. Cada vez mais, Portugal importará os seus alimentos.
O clima, os solos, as políticas das últimas décadas, a ausência de indústria, do investimento, a estrutura agrária, o desemprego, o analfabetismo e a política agrícola europeia assim o quiseram. Não há recursos. Não há segurança. E, sobretudo, não há Homens. O chamado interior está abandonado, será território de passagem. Ou terreno de caça. Ou reserva de índios. Sim...de índios! Com o sistema educativo que temos e graças à televisão, nomeadamente os canais portugueses, nunca os Portugueses alcançarão níveis de leitura de livros e de jornais sequer equivalentes a um quarto dos que se registam nos países europeus. A hipótese da leitura de massas chegou, em Portugal, tarde de mais. Em Portugal não se criará um pólo de desenvolvimento científico e de inovação tecnolológica com significado europeu, porque não querem saber dos nossos jovens cientistas. Deixam-nos sair do País. Não há incentivos que os faça permanecer cá. Dão mais valor a um jogador de futebol e aos "famosos" (essa "bimbalhada") cá do burgo, que à investigação científica. Não há empresas que dela necessitem. E os meios científicos nacionais não constituem massa crítica onde possam nascer centros de excelência. A distância que nos separa da Europa, dos Estados Unidos e do Japão é enorme e cresce todos os dias. O máximo que se conseguirá é que alguns portugueses colaborem em redes europeias, mais nada!
Os nossos políticos falam de mais, perdem muito tempo com balelas mesquinhas. Foi com as "escutas telefónicas", com o casamento dos homossexuais, já com a eleição presidencial de Manuel Alegre; e agora, pasme-se, com o Santana Lopes! Enquanto os empresários portugueses discutem estratégia e reivindicam junto do Governo, os empresários estrangeiros vão fazendo, vão apostando, vão investindo. E nós? Bom, nós lá vamos cantando e rindo, com as "futricas" envoltas nas telenovelas, com as novas revelações de cantores (Ídolos) e concursos "pimbas" (entre famílias). Ninguém quer saber da falta de segurança. Da falta de policiamento e de Polícias...prontos para combater o crime. Somos pobres em tudo!
Cruz dos Santos
Coimbra/Portugal
-o-o-o-o-o-o-o-
Sem comentários:
Enviar um comentário