"Tudo isto é vergonhoso"
Agustina Bessa Luis, diz: "...os que muito se formalizam muito escondem; os que acusam demasiado privam-se de ser leais consigo próprios. O país não precisa de quem diga o que está errado; precisa de quem saiba o que está certo".
Como é do conhecimento público, um Jornal é a fala do próximo, é a imagem, a condição do trabalho humano, das suas preocupações, dos seus vícios, dos seus medos, das suas culpas. Se o Jornal não circula, a anestesia agrava-se, o ruído de fundo da cidade e da terra inteira apaga-se como uma bolha de ar que rebenta. As coisas comuns, que alimentam os nossos sonhos, e o nosso corpo, ficariam emparedadas em lugares exóticos, que são o nada, o desconhecido, o fim do mundo. O espanto, a ira, a simpatia, o humor, ficariam nos cofres do esquecimento.
Consequentemente, um Jornal, é assim como uma espécie de "cafeína", de um "ópio do Povo"! Mas atenção: há jornalistas e jornalistas. Balsac sobre jornalistas, diz: "...nós percebemos quantas falsidades se explicam e quantas arranhadelas na sensibilidade se resumem a fanfarronices e não a conhecimento dos factos". Acrescenta ainda: "...Em geral, o pequeno jornalista é um profeta da Imprensa no que toca a banalidades, e um imprudente no que se refere a coisas sérias"... e que a crítica "só serve para fazer viver o crítico", isto estende-se a muitas outras tendências do jornalista: o folhetinista que é o que Camilo fazia nas gazetas do Porto. Balzac diz ainda: "... O jornalista que não é um puro-sangue não passa dum personagem. Escrever é para ele a sua fortuna, o seu lar, o seu poder, o seu posto, o seu prazer, a sua alma". E conclui dizando: "...que este género de jornalista possui uma espécie de vontade brutal e de capacidade teatral que não se encontra em mais ninguém. Esta espécie de jornalista (...), tem algo de especulador, de merceeiro e de mastim espiritual! "Proença de Carvalho, distinto Advogado, em declarações a um jornal, sobre as últimas notícias das escutas ("Face Oculta"), disse: "...não tenho a mínima dúvida de que essas notícias e reportagens foram construídas. Há vários focos de interesses e alguns ódios pessoais. Não consigo ver de outra forma a persistência e teimosia com que se continua a fazer afirmações que não são verdadeiras e lançam esta cortina". Uma coisa é certa: o espectáculo político-mediático destes dias, é deprimente. É vergonhoso! Parece que um director de jornais decidiu dirigir a política deste país, e o mais grave é que os políticos o deixam. Enchem de raiva e impotência estas atitudes, não só os Leitores, como a maioria dos Portugueses, prenhas de medo ao que possam dizer e opinar, a tomar decisões, ao erro, aos "opinantes". Parece que Portugal está a viver à força de manchete de jornal ou de opinião feita nas tertúlias. Sinceramente...é demais!
Cruz dos Santos
Coimbra/Portugal
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