REFLETINDO
Os Jardins
Um destes dias, ao passarmos pelo jardim do Largo Coronel Baptista Coelho, nesta cidade (Santo Tirso), fomos surpreendidos por uma frase partida duma senhora que admirando o jardim ali existente exclamava: "Um jardim tão bem cuidado recorda-me a minha avó."
De imediato e por curiosidade indagamos o porquê e, dando continuidade ao diálogo, cujas frases nos chegavam com clareza, trazidas pela brisa mansa, surpreendendo-nos.
Minha avó, dizia, passou sua vida a plantar flores. Recordo-me da infância e da casa da minha avó. Quase não havia terra para plantar. A construção da casa era nova e o local mais parecia um campo de batalha ...
Pois minha avó não desanimou. Com pedras desenhou canteiros no solo, afofou a terra, preparou-a e plantou suas amadas roseiras. Jardins eram a sua marca registada.
A senhora alongou o olhar na distância, como a revolver a saudade da terra do coração e prosseguiu:
Minha avó, era uma pessoa excecional!
Já mais idosa, os filhos optaram por colocá-la num apartamento. Mais segurança, diziam, menos trabalho. Afinal, eles temiam o peso dos anos naqueles ombros já não tão fortes.
Já mais idosa, os filhos optaram por colocá-la num apartamento. Mais segurança, diziam, menos trabalho. Afinal, eles temiam o peso dos anos naqueles ombros já não tão fortes.
Quando vi o apartamento, entristeci. Tinha uma varanda sim, mas nem sombra de terra, onde ela pudesse utilizar a sua magia pessoal para transformar num pedacinho de céu perfumado. Pensei que ela ía "murchar". Imaginei-a a fenecer, como flores ao sopro do rigoroso inverno ou sob o sol escaldante do verão. Qual não foi o meu espanto, a minha surpresa, ao visitá-la alguns meses depois!
Levei-lhe um ramalhete de rosas multicoloridas, contando alegrar-lhe o lar.
Ela abraçou as rosas, agradeceu e seu rosto iluminou-se como em êxtase - são lindas! Depositou-as com cuidado sobre uma mesa, pegou na minha mão e levou-me até à varanda.
Levei-lhe um ramalhete de rosas multicoloridas, contando alegrar-lhe o lar.
Ela abraçou as rosas, agradeceu e seu rosto iluminou-se como em êxtase - são lindas! Depositou-as com cuidado sobre uma mesa, pegou na minha mão e levou-me até à varanda.
Naquele minúsculo espaço, a terra gentil permitia brotar rosas de delicado perfume e graça. As mãos mágicas da minha avó haviam transformado um retângulo de cimento frio numa nesga de paraíso florido. Suas mãos acariciavam as flores tal qual o fizesse a um filho querido. Depois ela conduziu-me à sala e mostrou um Troféu. As flores da sua varanda haviam sido eleitas as segundas mais belas de toda a cidade.
* * * *
Transformar a terra inculta num oásis de beleza ou deixá-la entregue às ervas daninhas e mato é opção pessoal.
Assim como nos jardins das nossas vidas podemos ser indiferentes e ociosos, relegando tudo ao descaso, não realizando nada de bom, de belo, de útil.
Ou podemos optar por semear flores de alegria, rosas de ventura.
Tornemo-nos jardineiros cuidadosos a fim de que, pelas veredas por onde transitarmos, deixemos o perfume e a beleza das nossas ações.
Tornemo-nos jardineiros cuidadosos a fim de que, pelas veredas por onde transitarmos, deixemos o perfume e a beleza das nossas ações.
Pensamento da Semana
"Erros e fracassos é utilizá-los para plantar as mais belas sementes no terreno..."
( Augusto Cury)
( Augusto Cury)
Mano Belmonte
manobelmonte@live.com.pt
http://manobelmontecantor.blogspot.com
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