C O M U N H Ã O
Poema de Mano Belmonte
Toronto/2000
Deixa-me voltar para onde o ar
É mais puro, e a vida mais leve!
Deixa-me...
Ainda que por um momento efémero e breve.
Deixa-me voltar a sentir o vento
Abanar as copas dos pinheiros
E a ver giestas e papoilas
Florirem nas encostas!
Deixa-me voltar a respirar
O odor a capelinhas e rosmaninhos
Pelo São João.
Saltitar uma vez mais, por veredas e caminhos,
Saltitar uma vez mais, por veredas e caminhos,
Como se a infância não tivesse ainda fugido...
Deixa-me...
Deixa-me achar-me no meio das serras,
Eu, que há muito ando perdido!...
Eu, que há muito ando perdido!...
Deixa-me vida triste, cruel,
Deixa-me, que quero reaprender
A cheirar as ervas e o mato,
As flores e a Primavera!
Deixa-me
Que quero sentir, como outrora, o cheiro da terra,
E beber outra vez, de bruços,
A água fresca das nascentes,
Nos cumes dos montes.
Deixa-me,
Que quero de novo sentir em mim
Nos cumes dos montes.
Deixa-me,
Que quero de novo sentir em mim
O despertar de uma quimera,
E a liberdade dos amplos horizontes...!
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