REFLETINDO
Sonhei que era Natal
Sonhei que era Natal
Sonhei que andava na rua, onde as pessoas compravam e vendiam presentes envolvidos em papéis e fitas de muitas cores. Mas os que compravam e vendiam não souberam dizer-me o que desejavam. Falaram-me de números e das poupanças que tinham feito; do seu esforço e de como a vida não está boa para dar prendas.
Nada sabiam acerca do Natal...
Deixei-as nas suas absurdas correrias e continuei a procurar... Nas ruas, as luzes não passavam de técnica comercial e, no fundo, tudo estava muito escuro.
E fui ver famílias, lembrando-me de como, em pequeno, o Natal rodeava-me quando estava com os meus. E vi como as famílias continuavam a juntar-se. E como continuavam a caber muitos numa casa pequenina. Mas ficavam sentados, passando o tempo em frente da televisão. Havia monossílabos e gritos. E compreendi que era apenas por hábito que se reuniam. Pareceu-me que tinha perdido o Natal. Era como se houvesse um embrulho bonito mas sem presente lá dentro.
Achei as famílias disparatadas e saí de novo. Foi só quando já não sabia onde procurar é que tive a minha resposta.
Os meus passos vagabundos levaram-me até onde se tinha juntado aqueles que sofriam. Não
Deixei-as nas suas absurdas correrias e continuei a procurar... Nas ruas, as luzes não passavam de técnica comercial e, no fundo, tudo estava muito escuro.
E fui ver famílias, lembrando-me de como, em pequeno, o Natal rodeava-me quando estava com os meus. E vi como as famílias continuavam a juntar-se. E como continuavam a caber muitos numa casa pequenina. Mas ficavam sentados, passando o tempo em frente da televisão. Havia monossílabos e gritos. E compreendi que era apenas por hábito que se reuniam. Pareceu-me que tinha perdido o Natal. Era como se houvesse um embrulho bonito mas sem presente lá dentro.
Achei as famílias disparatadas e saí de novo. Foi só quando já não sabia onde procurar é que tive a minha resposta.
Os meus passos vagabundos levaram-me até onde se tinha juntado aqueles que sofriam. Não
recordo se era hospital ou prisão. Ou uma barraca de janelas abertas ao frio da noite. Uma mãe tinha perdido um filho. Outra tinha um filho doente. Um homem jazia imóvel num leito e gemia não sei de que doença. Outro tinha um sonho grande e umas mãos pequenas, e sofria de não ser capaz. Havia cegos e alguns que, vendo, desejavam ver de outro modo.
Não sei contar todos os casos, mas posso dizer que vi uma oração nos lábios de cada um deles; nos olhos de cada um, uma lágrima e, simultaneamente, um brilho de esperança. Os que podiam tinham-se ajoelhado - era quase meia-noite - à beira de umas imagens de presépio, entre os quais estava o daquela que havia de ser Mãe.
Uma Mãe ainda sem filho nos braços...mas, era quase meia-noite! E compreendi: o NATAL é só de quem há muito espera. De quem ainda não se encheu. É só de quem sonhou. É de quem tem chorado. De quem olha para dentro de si mesmo e sente medo. De quem não encontrou ainda o seu consolo.
O Natal existe apenas onde existe falta. Nós que temos tudo - que pensamos que temos tudo - sofremos de terrível pobreza de não sabermos sequer que somos pobres.
Aproveito a oportunidade, para desejar UM NATAL cheio de amor nesse encontro de famílias celebrando o Nascimento de CRISTO e que a Benção do Céu se estenda à vossa estimada Família. Pois só a Família é o símbolo de um NATAL FELIZ!
Mano Belmonte
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