O estudioso de fado Daniel Gouveia apresentou em Lisboa uma palestra na qual demonstrou as origens fadistas do tango e estableceu outras analogias com canções sul-americanas e o flamenco.
No âmbito de um jantar promovido pela Associação Portuguesa dos Amigos do Fado (APAF), no Retaurante do Fado, em Lisboa, Daniel Gouveia apresentou uma comunicação na qual demonstrou a paternidade fadista do tango argentino.
As origens fadistas do tango, explicou Daniel Gouveia à Agência Lusa, remontam ao século XIX, e estão ligadas à Colónia de Sacramento (Sul do Brasil).
Establecido um forte na então colónia do Sacramento (actual Uruguai), os portugueses iam de barco até Buenos Aires e faziam serenatas às crioulas, disse Daniel Gouvaia.
As origens do tango estarão, segundo o estudioso que citou uma investigação de João Moura, publicada em 2001, nestas canções que os portugueses cantavam quando de noite visitavam a capital argentina.
Mas, Daniel Gouveia demonstrou também as influências do fado no surgimento das canções populares portuárias chilenas, nomeadamente o valsecito criollo e o bolero.
Daniel Gouveia acompanha neste sentido as investigações de Miguel Ângel Vera Sepúlveda, investigador que se tem debruçado sobre as influências do fado na música popular chilena.
Gouveia apresentou o registo sonoro de El jibarito cantado por Tona la Negra que, é exactamente o fado tradicional Zé Grande composto por Raul Pereira na primeira metade do século passado.
Quem influenciou quem, ou será uma mera coincidência, tanto mais que a Tona nunca veio à Europa, é um mistério que se colocou à audiência.
O investigador apresentou ainda registos fonográficos onde se revelam existirem similitudes entre o flamenco e o fado, quer pela temática quer pela interpretação.
Além da palestra do investigador, houve ainda a apresentação de um conjunto de jovens fadistas.
São eles Marco André, que venceu a Grande Noite do fado em Juvenis em 1997 , Catarina Rosa e Sérgio Daniel, vencedores juvenis da Grande Noite do Fado em 2003 e Tiago Simões.
À viola-baixo esteve André Ramos, e na guitarra portuguesa Ângelo Freire.
A APAF comemorou dez anos de existência e este jantar temático insere-se nas suas celebrações, prevendo ainda o lançamento de um livro sobre Maria Severa e a realização de um ciclo dedicado aos poetas comtemporâneos de fado.
Fonte: Agência LUSA
Adaptação: Mano Belmonte
manoamano@sympatico.ca
* * * * * * *
Sem comentários:
Enviar um comentário