CRÓNICA DO CANADÁ
Amor e inteligência
(Dedicado a um Nóbel ateu)
A religiosidade é inerente ao homem.
Sob as mais diversas formas e em todas as épocas, a Humanidade procurou relacionar-se com a Divindade.
Por muito tempo imperou a ideia de que Deus deveria ser temido. O Criador era apresentado, por muitas tradições, como cioso e vingativo.
Jesus reformulou esse conceito, ao falar de um Pai amoroso e justo. Convidado a indicar o maior mandamento da Lei Divina, Ele sentenciou: Amar a Deus de todo o coração, de toda a alma e de todo o Espírito.
E também amar ao próximo como a si mesmo.
É interessante anotar que, ao invés de um, o Cristo apresentou, de uma vez, dois mandamentos. Um fala em amor a Deus e o outro em amor ao próximo. Isso prova que tais comandos são entrelaçados.
O amor ao próximo complementa o amor a Deus e vice-versa.
Segundo o Mestre Nazareno, Deus deve ser amado com todo o coração, toda a alma e todo o Espírito.
Percebe-se ser esse amor algo muito intenso e profundo, que reclama a criatura por inteiro. - O sentimento por si só não basta. -
Quando se quer enfatizar o aspecto emocional, fala-se em coração.
Mas à Divindade não se deve dar apenas o coração. Todo o Espírito necessita estar empenhado nessa relação.
Segundo o dicionário, um dos significados de Espírito é o conjunto das faculdades intelectuais. Cuida-se de uma acepção até certo ponto comum.
Muitas vezes afirma-se que uma pessoa tem espírito. Essa expressão indica que ela é inteligente, perspicaz possui raciocínio rápido.
Conclui-se que o amor a Deus envolve razão, discernimento, intelecto.
O Espiritismo ensina que Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.
Não se trata de uma personalidade, à semelhança dos homens, mas de uma Consciência Cósmica.
O apreço por uma personalidade humana, frequentemente vaidosa, pode ser demonstrado por gestos exteriores. Em relação à Consciência Cósmica, despida de características humanas, isso não se dá.
Como Deus é a Inteligência Suprema do Universo, o amor por Ele implica o esforço por desenvolver a própria inteligência.
Assim, religiosidade é incompatível com o cultivo deliberado da ignorância. Deus brindou Suas criaturas com dons maravilhosos, os quais precisam ser valorizados.
O dom que distingue os homens do restante da Criação é a sua intelectualidade desenvolvida, a sua razão.
Pensamento da Semana
"Possuimos em nós mesmos, pelo pensamento e a vontade, um poder de acção que se estende muito além dos limites da nossa esfera corpórea."
(Allan Kardec)
Mano Belmonte
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